Corte ilegal de madeira: supostas mensagens de WhatsApp comprometem Roberto Albino

Novas revelações digitais vieram relançar as suspeitas de envolvimento do ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Mito Albino, num caso de abate ilegal de madeira ocorrido em Sofala. O portal Esquento divulgou um conjunto de capturas de ecrã de alegadas conversas no WhatsApp que apontam para a articulação do governante com outros intervenientes ligados à exploração florestal.

Entre as mensagens agora conhecidas, destaca-se uma troca atribuída a um interlocutor identificado como Xadreque Mwanza, que terá escrito: “Já falei com Crimildo. Voltamos na sexta-feira para ir mostrar os limites; a área do Doctor Roberto inicia onde termina a área das cooperativas.” Noutra ocasião, o mesmo indivíduo dirigiu-se a um tal Rademan afirmando: “Bom dia Sr. Rademan, segundo o combinado estou a sair de Caia com o senhor Crimildo, até já.” A resposta obtida foi: “Está bem Sr. Xadreque, eu estou aqui no farma”, seguida de agradecimentos.

Noutras mensagens, atribuídas a Rademan, este terá contactado directamente o ministro: “Caro Roberto, comecei a limpar os 50 hectares, como Charles Parreirao me pediu. Agora o fiscal apreendeu todo o meu equipamento. Pode pedir que o libertem, por favor? É urgente.” A resposta imputada ao ministro questiona: “Boa tarde. Fiscal de quê? Florestal?”. Perante a confirmação e a informação de que a polícia estava a levar o equipamento, Albino terá replicado: “Deixa ver com o Charles.” Dias depois, Rademan insistiu: “Bom dia, Roberto. Posso ligar-lhe rapidamente? Preciso da sua ajuda com este assunto com urgência, por favor.”

O caso remonta a Março do ano passado, no distrito de Chemba, onde foram cortados cerca de 20 metros cúbicos de madeira numa área de 50 hectares. A operação foi conduzida pela empresa Ecofarm, à qual o ministro confiara trabalhos na sua parcela de 950 hectares, concessionada através de um Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT). Na sequência de uma fiscalização da Agência Nacional de Qualidade Ambiental (AQUA), a Ecofarm foi multada em 1,2 milhões de meticais. A empresa, porém, contestou a coima, defendendo que a responsabilidade caberia ao titular do DUAT – Roberto Mito Albino.

A Procuradoria de Sofala indicou que a madeira seria posteriormente exportada pela TCT Indústria Florestal, detentora de licença de exploração. O processo levou à abertura de autos na Procuradoria Distrital de Chemba, mas até ao momento o ministro não foi formalmente ouvido, tendo as autoridades invocado dificuldades na sua notificação.
Com a divulgação das mensagens reveladas pelo Esquento, cuja autenticidade não foi até agora confirmada nem desmentida, o dossier ganha novos contornos que podem influenciar de forma decisiva o rumo das investigações e reacender a pressão em torno do governante.

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